segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A pessoa por detrás da máscara



O Carnaval é a altura do ano em que muito de nós despem as roupas quotidianas para, entre sonhos e fantasias, recriarem personagens.
Durante as semanas carnavalescas é-nos permitido representar um papel, vestindo-nos e agindo segundo os padrões criados por nós de modo a tornar reais os disfarces que escolhemos. E, “por ser Carnaval, ninguém leva a mal” essa representação.
No entanto, passada a época carnavalesca, muitas são as máscaras que continuam postas, não com o intuito de imitar uma personagem, mas de recriar uma forma de ser/agir que se adeque aos vários contextos em que cada um está inserido. Este facto é-nos culturalmente incitado pela nossa sociedade, por exemplo, através das campanhas de marketing e publicidade, que nos transmitem a necessidade do parecer com intuito de a aumentar vendas e lucros e o seu impacto no mercado.
E é em contexto social que surge a necessidade de nos representarmos a nós mesmos, procurando suplantar todas as obrigações quotidianas, transmitindo um semblante que muitas vezes não transmite o real valor de cada um.
Embora seja necessário que nos ambientemos e adaptemos aos contextos nos quais estamos inseridos, é fundamental que saibamos agir nos mesmos de acordo com as nossas crenças e valores e não apenas tendo em conta as expectativas sociais depositadas em nós.
É necessário que saibamos agir de forma adequada mas genuína, procurando ir para além da representação de papéis e sendo autênticos. Tal como foi referido por Goleman (1995), ao agirmos de forma mais autêntica podemos vivenciar os acontecimentos de uma forma mais dolorosa, no entanto, iremos certamente constatar que a vida será vivida com mais intensidade e significado dado que “os nossos sentimentos mais profundos, as nossas paixões e desejos, são guias essenciais do nosso funcionamento”.
Embora a autenticidade seja por vezes confundida com a necessidade de ser diferente, este conceito é muito mais lato. Ser autêntico significa ter personalidade, ser verdadeiro e ser único, agindo de acordo com as suas crenças e conceções através de uma forma própria de agir, falar, andar, pensar, comportar-se e sentir.
A busca pela autenticidade promove igualmente o desenvolvimento das capacidades sócio-emocionais, cuja consequência é o aumento da motivação e a melhoria do desempenho escolar/profissional dos vários sujeitos.
Neste sentido, é importante cultivarmos a nosso ser autêntico, deixando as máscaras pessoais apenas para alturas Carnavalescas.

Algumas ideias cultivar a autenticidade:
·  Aprender a valorizar as coisas simples, tais como os pormenores da nossa forma de ser e agir;
·  Não bloquear os sonhos e ambições, procurando enquadrá-los no nosso dia-a-dia;
·  Fomentar comportamentos afetivos nos mais diversos momentos, de forma simples e espontânea, através de gestos ou de palavras;
·  Valorizar o elogio sincero e a crítica construtiva;
·  Não ter medo de expressar emoções, sejam elas de alegria e contentamento ou de tristeza e desilusão.

Votos de um bom Carnaval.
Artigo escrito para o site Akademia (Fev 2011, adapt.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário