O Carnaval é a altura do
ano em que muito de nós despem as roupas quotidianas para, entre sonhos e
fantasias, recriarem personagens.
Durante as semanas
carnavalescas é-nos permitido representar um papel, vestindo-nos e agindo segundo
os padrões criados por nós de modo a tornar reais os disfarces que escolhemos. E,
“por ser Carnaval, ninguém leva a mal” essa representação.
No entanto, passada a
época carnavalesca, muitas são as máscaras que continuam postas, não com o
intuito de imitar uma personagem, mas de recriar uma forma de ser/agir que se adeque
aos vários contextos em que cada um está inserido. Este facto é-nos
culturalmente incitado pela nossa sociedade, por exemplo, através das campanhas
de marketing e publicidade, que nos transmitem a necessidade do parecer com
intuito de a aumentar vendas e lucros e o seu impacto no mercado.
E é em contexto social que
surge a necessidade de nos representarmos a nós mesmos, procurando suplantar
todas as obrigações quotidianas, transmitindo um semblante que muitas vezes não
transmite o real valor de cada um.
Embora seja necessário que
nos ambientemos e adaptemos aos contextos nos quais estamos inseridos, é
fundamental que saibamos agir nos mesmos de acordo com as nossas crenças e
valores e não apenas tendo em conta as expectativas sociais depositadas em nós.
É necessário que saibamos
agir de forma adequada mas genuína, procurando ir para além da representação de
papéis e sendo autênticos. Tal como foi referido por Goleman (1995), ao agirmos
de forma mais autêntica podemos vivenciar os acontecimentos de uma forma mais
dolorosa, no entanto, iremos certamente constatar que a vida será vivida com
mais intensidade e significado dado que “os
nossos sentimentos mais profundos, as nossas paixões e desejos, são guias
essenciais do nosso funcionamento”.
Embora a autenticidade seja
por vezes confundida com a necessidade de ser diferente, este conceito é muito
mais lato. Ser autêntico significa ter personalidade, ser verdadeiro e ser
único, agindo de acordo com as suas crenças e conceções através de uma forma
própria de agir, falar, andar, pensar, comportar-se e sentir.
A busca pela autenticidade promove igualmente o desenvolvimento das capacidades
sócio-emocionais, cuja consequência é o aumento da motivação e a melhoria do
desempenho escolar/profissional dos vários sujeitos.
Neste sentido, é
importante cultivarmos a nosso ser autêntico, deixando as máscaras pessoais
apenas para alturas Carnavalescas.
Algumas
ideias cultivar a autenticidade:
·
Aprender
a valorizar as coisas simples, tais como os pormenores da nossa forma de ser e
agir;
·
Não
bloquear os sonhos e ambições, procurando enquadrá-los no nosso dia-a-dia;
·
Fomentar
comportamentos afetivos nos mais diversos momentos, de forma simples e
espontânea, através de gestos ou de palavras;
·
Valorizar
o elogio sincero e a crítica construtiva;
·
Não
ter medo de expressar emoções, sejam elas de alegria e contentamento ou de
tristeza e desilusão.
Votos de um bom Carnaval.
Artigo escrito para o site
Akademia (Fev 2011, adapt.)
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