O que devemos
oferecer ao bebé para que se entretenha e estimule o seu desenvolvimento?
As brincadeiras e os
brinquedos são essenciais para o desenvolvimento das crianças desde tenra
idade. É de forma lúdica e interativa que vão assimilando as suas primeiras
aprendizagens e que vão dando significado às várias vivências do seu dia-a-dia.
As brincadeiras são a
base do crescimento e do desenvolvimento dos bebés e é desde o seu nascimento
que começam a desenvolver a sua perceção (visual, auditiva e tátil), de acordo
com os estímulos que recebem e da forma como interagem com eles. O seu primeiro
brinquedo é o próprio corpo e é através dele que vão conhecendo o mundo,
procurando outros brinquedos a explorar e adquirindo competências que lhe vão
permitindo, progressivamente, experienciar melhor o seu entorno: começa por
conseguir manipular os objetos, vai adquirindo a capacidade de se locomover e
seguidamente consegue mexer e manusear, não só os objetos que lhe estão
próximos como também os que lhe estão distantes. As suas brincadeiras
permitem-lhe também estimular as suas várias capacidades, progressivamente e ao
seu ritmo, complexificando as suas competências globais e a forma como resolve
os problemas com que se depara.
Ao longo dos últimos
anos, vários investigadores têm vindo a demonstrar a importância dos jogos e das
brincadeiras para o desenvolvimento cognitivo dos bebés desde tenra idade. Tal
facto é explicado porque a aquisição do conhecimento deriva da interação da
criança com o seu meio. Durante as brincadeiras o bebé vai incorporando o mundo
à sua maneira e vai interpretando a realidade que a circunda de forma
ativa, agradável, envolvente e interativa, fomentando o seu desenvolvimento
intelectual.
Durante as
brincadeiras, as crianças exploram regras e definem limites, ao mesmo tempo que
estimulam a sua capacidade criativa e a imaginação. É também através das
brincadeiras que as crianças vão desenvolvendo a sua capacidade empática, isto
é, que vão aprendendo a colocar-se no lugar dos outros e a perceber os seus
pontos de vista.
As brincadeiras são
também a forma preferida do bebé desenvolver as suas habilidades cognitivas
uma vez que lhe permitem estimular o seu imaginário infantil, ampliar a
perceção de si, dos outros e do mundo, fomentar a sua curiosidade e a sua
autonomia, ao mesmo tempo que proporcionam o desenvolvimento da linguagem, do
pensamento, da concentração e da atenção”.
A escolha dos
brinquedos ideais para cada bebé varia de acordo com a idade, com o grau de
maturidade e com os gostos que apresentam desde pequenos. Estes devem permitir
treinar as suas habilidades e suscitar o seu interesse pelo brinquedo,
proporcionando ao bebé o prazer de o explorar. Os primeiros brinquedos (extra
corporais) a chamar a sua atenção, são os que estimulação a sua perceção
sensorial – nestas idades os brinquedos com diferentes cores, sons, texturas
são habitualmente os seus preferidos e permitem, respetivamente, estimular a
sua visão, a sua audição e o seu tato.
Um brinquedo bem
escolhido permite aperfeiçoar a coordenação motora, estimular a fala e a
inteligência e desenvolver habilidades gerais potenciando um bom
desenvolvimento afetivo, cognitivo e social de cada criança. Durante as
brincadeiras as crianças estimulam também as suas capacidades simbólicas e,
desta forma, através dos jogos do faz de conta, testam e experimentam
diferentes papéis sociais, exprimem a agressividade, aumentam as experiências e
elaboram as experiências traumáticas vividas. É também nas suas brincadeiras
que exteriorizam os seus medos e angústias e encontram estratégias para lidar
com as suas emoções.
Na hora de escolher um brinquedo
Ao pensar em adquirir
um brinquedo é fundamental pensar nele como uma ferramenta útil para potenciar
o desenvolvimento da criança a quem ele se destina. Neste sentido, é
fundamental que ele se adeque à sua idade, aos seus gostos e que seja
apropriado para o seu nível de desenvolvimento. No entanto há que considerar
que os brinquedos também têm restrições, que vão desde os materiais com que são
feitos, ao tamanho das suas peças e às suas especificidades próprias.
Muitos dos brinquedos
preferidos das crianças são objetos caseiros, que estão habituadas a ver os
adultos utilizar e que, por isso mesmo, vão despertando a sua curiosidade e
vontade de os explorar.
Quando a opção é
adquirir, a primeira regra está em perceber o valor real dos brinquedos,
comparando o prazer que eles vão suscitar à criança comparado com o custo
envolvido. Há que ter em consideração que nem sempre os brinquedos mais caros
são os mais satisfatórios.
A segunda regra está
relacionada com a resistência do brinquedo. Por muito interessante e estimulante que ele seja há que considerar se pode ser explorado pela criança sem quebrar minutos
depois – para além de ser uma mau investimento, poderá ser frustrante para a
criança ter brinquedos com os quais não pode brincar ou que se estragam com
facilidade nas primeiras brincadeiras.
Há também que ter em
conta que cada criança tem o seu tipo de brinquedo preferido. Embora não se
deva cingir apenas aos seus gostos e lhe deva proporcionar experiências
variadas, se a criança não se interessar pelo brinquedo, não o irá explorar.
É fundamental que os
brinquedos sejam adequados à idade e à maturidade de cada criança. Para além
das sugestões dos fabricantes há que pensar se o brinquedo em questão pode
desafiar o bebé e suscitar a sua curiosidade (e não frustrá-lo). Por muito
interessante que seja o brinquedo, se não estiver ajustado às habilidades da
criança, por ser demasiado infantil ou exigente, será um mau investimento.
Os brinquedos devem
também ser seguros, de materiais adequados e com tamanhos que não impliquem
qualquer tipo de perigo para as crianças. Os brinquedos devem ser inquebráveis
e atóxicos, de preferências fáceis de lavar e sem contornos pontiagudos. Devem
ter um tamanho suficiente para que a criança não os introduza no nariz ou nos
ouvidos e não os tente engolir. Em caso de dúvida deve inspecionar o brinquedo
antes de o dar à criança e observar as primeiras vezes em que ela brinca com
este.
Os brinquedos devem
ser dados à criança com moderação, sem excessos. Ter demasiados brinquedos ou
receber muitos de uma vez provoca atitudes de menosprezo e de falta de
interesse pelas brincadeiras.
Brinquedos ajustados a cada idade
- dos 0 aos 12 meses os
brinquedos devem procurar estimular a perceção visual, auditiva e tátil dos
bebés. Neste sentido os jogos devem ser coloridos, com diferentes formas e com
sons, ritmos e musicas e com texturas distintas. Os brinquedos devem ter cores vivas,
sons melódicos e atraentes, texturas interessantes e variadas. Nestas idades os
bebés ficam também fascinados com objetos que se movem e que dão vontade de
tocar, segurar e manipular. De entre os possíveis exemplos salientam-se: os
chocalhos, os peluches e os bonecos, os móbiles (excelentes para desenvolver a
capacidade de atenção e a habilidade de seguir visualmente os objetos) e as bolas
(com diferentes texturas).
- a partir do primeiro ano é fundamental estimular a motricidade global, o equilíbrio e a linguagem. Os
jogos de encaixe e de emparelhamento de formas e as histórias são duas das
atividades adequadas a esta faixa etária. Pode ainda recorrer-se a brincadeiras
em que a criança tenha que imitar ritmos e sequências de gestos simples. Os
jogos que envolvam habilidades motoras, tais como empilhar objetos, encher
carrinhos com blocos, saltar e equilibrar-se são muito importantes, principalmente
a partir dos 2 anos. Durante este período começam também a apreciar livros com
ilustrações de objetos familiares.
- a partir dos 3 anos é
fundamental estimular a motricidade fina e as pré-competências académicas, as
brincadeiras de grupo e as pré-competências de leitura e de cálculo.
Os vários jogos devem permitir começar a trabalhar a noção de número (o loto),
a memória (pares de imagens) e a motricidade (plasticina e legos).
- a partir dos 5 anos é
fundamental estimular a capacidade de leitura, a motricidade fina, e a lógica.
Devem estimular-se as habilidades psicomotoras, incluindo a coordenação entre o
olho e a mão e o desenvolvimento da habilidade dos dedos e das mãos, através de
brinquedos de montar e desmontar mais complicados, blocos de tamanhos e formas
diferentes e jogos e quebra-cabeças simples. Nesta faixa etária é frequente que
muitas das brincadeiras das crianças espelhem o seu interesse por imitar o
mundo dos adultos (as cozinhas, os médicos são algumas das atividades habituais
deste período)
No entanto é
importante salientar que o mais importante não é a quantidade de brinquedos que
cada criança tem mas o tempo que os pais passam a partilhar com ela as suas
brincadeiras.
Artigo escrito para a
revista Mãe Ideal (Abril 2013)