Num
mundo em constante mutação, em que cada profissão exige uma maior
profissionalização e especialização, torna-se indispensável que os indivíduos
dêem início à construção do seu percurso vocacional desde tenra idade. Neste
sentido, é imprescindível pensar e reflectir não só acerca das necessidades do
meio como também sobre os seus interesses, aptidões, valores e motivações.
9º ano… e
agora?
O
9º ano de escolaridade surge como primeiro momento de escolha, momento este em
que o jovem tem que optar por uma área onde irá aprofundar os seus
estudos/conhecimentos durante os 3 anos seguintes. Neste sentido, a decisão a tomar
no final do 9º ano deverá ser consciente e ponderada de forma a adaptar-se o
mais possível ao percurso de vida que o sujeito ambiciona para si.
As
dificuldades no processo de escolha vocacional encontram-se muitas vezes
relacionadas com a falta de informação vocacional que os sujeitos dispõem.
Neste sentido Santos (2007) defende que uma das formas privilegiadas de
intervir ao nível da indecisão vocacional passa por disponibilizar aos sujeitos
o máximo de informação possível, que lhes proporcione um conhecimento
aprofundado sobre si, as opções disponíveis e o mundo de trabalho.
A escolha
vocacional é, muitas vezes, vivenciada como uma situação geradora de ansiedade,
dado que muitos dos alunos ainda não se sentem seguros para efectuar uma opção
com implicações futuras tão significativas.
Há
ainda outros factores que dificultam (ainda mais) esta opção tais como a crescente
diversidade de cursos e profissões, o desconhecimento do mundo das profissões e
a revisão curricular do ensino secundário.
É neste
sentido que se tem mostrado pertinente desenvolver, junto destes alunos,
programas que lhes permitam explorar as suas competências vocacionais, com o
objectivo de desenvolver as suas capacidades de auto-conhecimento
e exploração (ao nível das suas aptidões, interesses, atitudes, motivações e
aspirações), de analisar as oportunidades do mundo social e do mundo de
trabalho que os circunda e de o consciencializar das aptidões e habilidades
necessárias no exercício de cada profissão, potenciando assim uma escolha
vocacional consciente, informada e fundamentada.
Os
programas de orientação escolar e profissional devem ter por base uma abordagem
multidimensional do processo de tomada de decisão, focando não só os factores
cognitivo-informacionais como também os afectivo-motivacionais.
Ao
longo das diversas sessões os alunos devem ter espaço para aprofundar
informação sobre si, sobre o mundo que os circunda e sobre várias profissões
que poderão vir a exercer. Para além da administração de provas ou testes
psicotécnicos cujo intuito é recolher informações sobre os interesses (áreas
nas quais o jovem demonstra maior motivação) e as aptidões (capacidades reais do
jovem nas diferentes áreas), espera-se
que os alunos se explorem, que conheçam o Sistema Educativo/Formativo no qual
estão inseridos (Cursos científico-humanísticos, Ensino Tecnológico, Ensino
Profissional, Cursos do ensino artístico especializado, Cursos de educação e
formação) e que analisem o Mundo do Trabalho de que um dia farão parte, para
que possam optar e planear o seu futuro vocacional.
A
exploração dos interesses vocacionais a par com a análise das suas competências
(tarefas privilegiadas nos programas de orientação escolar e profissional)
permitem ao jovem desenvolver e consolidar ideias referentes ao mundo do
trabalho (Santos, 2007; Tracey & Darcy, 2002).
É
neste sentido que a orientação escolar e profissional se têm revelado como
tarefa pertinente no 9º ano do ensino básico, possibilitando uma decisão
vocacional informada e ponderada.
Publicado na Estrelas e Ouriços (ed. Março 2012)
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