Quando
se aproxima o (re)começar do ano lectivo não é possível deixar de pensar numa
série de rituais que lhe são inerentes: há que comprar e encapar cadernos e
livros, escolher a mochila e o estojo, organizar canetas, lápis e marcadores…
recordam-se antigos colegas e professores e tecem-se considerações sobre o ano
que se avizinha.
O
dia-a-dia é organizado, (re)criam-se rotinas e estipulam-se horários. A cada
ano lectivo que começa, a cada ano de escolaridade transitado, a complexidade e
a exigência das matérias a estudar intensificam-se, despoletando um aumento das
expectativas em relação ao desempenho dos alunos (Wenz-Gross & cols., 1997)
e um crescimento e amadurecimento dos mesmos.
No
entanto, o ingresso na vida escolar e as várias mudanças de escola desencadeiam
também pequenas situações geradoras de ansiedade, não só nos alunos como também
nos seus encarregados de educação, que se reflectem nas dificuldades de
integração demonstradas por alguns dos estudantes em transição.
Imaginemos
uma criança de 3 anos no seu primeiro dia na pré-escola, que chora
compulsivamente com medo que os pais não voltem?
E
como reagem os pais ao verem a filha de 9 anos chorar, porque se não ter sido
escolhida para brincar no recreio?
Pensemos
no rapaz de 10 anos que, com a mudança de ciclo (transição do 4º para o 5º ano),
passa de finalista da escola primária a caloiro de uma nova escola e tem que se
adaptar às inúmeras disciplinas, leccionadas por vários professores.
Consideremos
também a rapariga de 13 anos que sofre o seu primeiro desgosto de amor.
E
como regem os pais ao facto do filho querer seguir artes, para vir a ser
arquitecto, em vez de seguir economia e poder continuar o negócio da família,
tal como o pai tinha planeado?
Estes
e outros momentos menos positivos do processo de transição podem ser
minimizados, não só no que se refere às dificuldades relacionadas com as
aprendizagens escolares como também no que diz respeito a algumas
situações-problema decorrentes das interacções pessoais, se promovermos o
desenvolvimento de competências pessoais e relacionais e processarmos a mudança
de forma faseada e dialogada.
Paralelamente,
é também importante fomentar expectativas ajustadas e realistas e valorizar o
esforço e o empenho dos filhos, pais e professores na persecução das metas
propostas.
Algumas
das estratégias que poderão facilitar a transição/recomeço são:
*
proporcionar o conhecimento prévio da escola (instalações, serviços e
respectivos profissionais, alguns professores, elementos do conselho executivo,
auxiliares de acção educativa e alguns alunos);
*
analisar a importância do momento de transição e das várias mudanças que esta
despoleta;
*
organizar o ambiente educativo: motivador e facilitador das experiências que
permitem a aprendizagem;
*
motivar o aluno para a escola e para as aprendizagens escolares, procurando
desenvolver o gosto pela aprendizagem e pela aquisição de conhecimentos;
*
dialogar sobre a mudança e as suas implicações;
*
reforçar positivamente os comportamentos ajustados;
Que
este seja um ano repleto de esforço, empenho e vontade de trabalhar,
Artigo escrito para o site da Akademia (Setembro 2011, adaptado)
Wenz-Gross,
M., Siperstein, G. N. Untch, A. S., & Widaman, K. F. (1997). Stress, social
support, and adjustment of adolescents in middle school. Journal of Early Adolescence, 17(2), 129-151.
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